Crises de uma adolescente parte 1.

Acho que eu não fui educada quando criança, e sim, adestrada, sim, adestrada essa é a palavra, assim como fazem com cães e cavalos fizeram comigo.

Adestrada a não sentir falta da presença dos pais , que teoricamente, estavam trabalhando para poderem me proporcionar tudo o que tinha. Adestrada á cruzar as pernas sempre que sentasse, á não falar com estranhos (principalmente homens), a dar bom dia e sorrir para os mais velhos, á não chorar em publico, a esperar na fila, a pedir para ir no banheiro, a esconder qualquer tipo de emoção, a não se apaixonar antes de terminar a faculdade, a não beber, a não fumar, a não se divertir demais, adestrada a tantas coisas, tantas.

De todas elas, a que eu me sai melhor foi em não sentir falta da presença dos pais, afinal, foram anos e anos de um profundo esquecimento emocional, aprendi bem, a não contar com eles, a me virar sozinha.

Mas hoje, aos 16 anos, depois de ter sofrido tanto e aprendido a viver sem a atenção deles, fui chamada atenção, por ser grossa e fria, GROSSA E FRIA? EU ? depois de tantos anos, quem são vocês para dizerem sobre frieza ? quantas vezes chorei, sozinha, até dormir, quantas e quantas vezes procurei colo de mãe ? quantas ?

Não, vocês não tem a razão.

Ou melhor, podem até ter, mas só a partir de hoje, hoje, a partir de hoje sim, vocês terão a filha que dizem ter.


Eu sei quando você mente pra mim, e você sabe que isso me machuca ?


Mais um sábado

Deitada na cama em um sábado a tarde, como de costume, pensando nos caminhos da vida, em tudo o que aconteceu, em tudo o que podia ter acontecido, em tudo que nunca irá acontecer.
No ultimo ano do colégio, muitas pessoas costumam se sentir tristes por encerrar um ciclo, muitos ficam ansiosos e contam os dias para a viagem de formatura, muitos passam horas resolvendo assuntos da festa, mas eu, eu não, eu não tenho anseio ou tristeza, tenho medo.
Medo do que vem pela frente, até esse ano, tudo em minha vida era concreto, confiável, estável, mas e agora ? Agora caminho passos em direção ao desconhecido, e a cada um desses passos tudo em volta fica cada vez mais escuro. Muitos não sabem, mas tenho medo do escuro, não sei bem como explicar, mas, não é medo do escuro em si, mas sim, medo de não saber o que pode nele aparecer, e não ter pra onde fugir.
Preciso de alguém para me dar a mão, preciso de alguém para me ensinar um segredo a cada dia, preciso de alguém especial, que me traga inspiração, preciso de alguém, alguém que fará da minha vida a melhor vida, que fará do meu ano o melhor ano, que fará do meu dia o melhor dia, ou que pelo menos faça do meu momento, o melhor momento.






esperei tanto que estou começando a acreditar que não existe alguém certo para mim.

A cada sorriso, uma lembrança, a cada lembrança um novo sorriso.
A cada dia, um sentimento, a cada sentimento um novo dia.
A cada pensamento , uma reflexão, a cada reflexão um novo pensamento.


Que cada sorriso seja uma lembrança que gere um pensamento que provoque reflexão que prove o valor de sua existência a cada dia .

Palavras sinceras e sem rimas.



Podem me chamar de curiosa ou do que for, mas o que eu realmente gostaria de saber é o futuro desta minha vida alucinantemente pacata. Realmente, eu não sei viver o presente, declaro, afirmo, e explico, o passado é muito mais doce, o futuro muito mais atrativo, como viver o presente ? Por favor, se você que está lendo souber me explicar eu ficaria muito grata em ouvir alguns minutos ou horas de sua teoria.
Não sei o que tenho hoje, estou sem vontade de viver os segundos mais proximos, quero viver logo os anos mais distantes, quero pular os anos assim como podemos pular as cenas de um dvd, e quando chegar a metade do filme, quero voltar ao inicio, e relembrar como era doce, mas rapidamente voltar ao meio, talvez com uma nova visão de mundo, assim sentiria mais o gosto de viver.
Bom, acho melhor eu parar de pensar em besteiras, e aprender que querer não é poder, e que é chorando que se aprende a viver.

45 para refletir.

Sentada na cama, olhando em volta, não me preocupando com a bagunça apenas refletindo, maldita reflexão, tenho tanto a fazer, e tudo o que consigo fazer é refletir. Sinto um peso enorme sobre os ombros cujo não me deixa sair do lugar, minha mente a cada instante aparenta mais e mais ser a minha única ferramenta, desisto de lutar contra essa força que me segura, decidi me render por 45 minutos, apenas isso darei a minha mente, 45 partes de uma hora.
Fecho os olhos e me vejo entrando com uma velocidade absurda em um túnel, escuro, apertado, circular. Passo por alguns metros e inexplicávelmente o túnel se divide em dois. Mesmo que não tenha escolhido pego o sentido da direita, e logo em seguida aparece um clarão, e diante dele paro. Não consigo entender bem o que acontece, só sei que vejo 4 ou 5 amigos jogando cartas, bebendo, fumando, a maioria deles parece se divertir, digo a maioria e não todos por que um deles não aparente estar bem, deve ter bebido muito não sei ao certo, justamente esse garoto sai de perto dos amigos e vai em direção á porta, ele sai do apartamento atordoado, inexplicávelmente tudo fica escuro em um relance, e quando voltam as luzes o garoto não está mais lá, o local continua exatamente igual, apenas o garoto sumiu.
Assim como não foi de minha decisão parar diante daquela cena, não é de minha decisão sair de lá, mas mesmo assim saio, e com a mesma velocidade inicial, sigo em frente. Ando por mais alguns metros, e derrepente outro clarão. Paro em frente a ele, agora o que vejo é um casal, aparentemente feliz, com um bebe no colo, a mãe começa a tossir e aos poucos vai parecendo mais fraca, ela beija o bebe e o marido e em seguida tudo fica escuro, e rapidamente a luz volta, mas agora a mãe não está mais lá, apenas o rapaz com lágrimas aos olhos balançando o bebe.
Novamente saio daquela cena, e volto a andar no túnel, estou assustada, não entendo o que tudo aquilo quer dizer. Bruscamente viro a esquerda e paro diante de mais um clarão, dessa vez vejo pessoas trabalhando, entre eles um senhor que mexe vagarosamente em alguns papeis enquanto todos os outros trabalham freneticamente, se apagava tudo, quando voltam as luzes, o velhinho não está mais presente, todas as outras pessoas estão lá, menos aquele senhor, logo em seguida volto ao túnel escuro, ando por mais alguns metros, e vejo dois adolescentes, brincando com bolinhas de sabão como bobos, e logo em seguida se aproximam, se abraçam e encostam o nariz um no outro, a escuridão novamente aparece e ao desaparecer, lá está apenas o garoto com a bolinha de sabão na mão, olhando para o nada, e a garota sumiu da cena. Volto ao túnel só que dessa vez por minha própria decisão, ando mais alguns metros e aos poucos o túnel vai se desfazendo e vou voltando a consciência, os 45 minutos acabaram, mas apenas nos últimos 2 ou 3 minutos consegui realmente refletir sobre como a vida se acaba facilmente, e como deixamos um espaço vazio quando partimos.

NÃO NÃO

E

NÃO

Eu não vou ser quem você quer que eu seja, eu não vou realizar o seu sonho, eu não vou deixar de ser feliz apenas para te agradar. Você não dá valor, ou melhor, você não dava valor para o que tinha, agora você perdeu. Espero que um dia você se arrependa e sofra muito, e isso te ensine a não fazer isso com mais ninguém.