Maldito dinheiro.


La vou eu, andando sozinha em pleno dia de chuva, está frio e as coisas não estão no lugar que deveriam, os sorrisos por exemplo, deveriam estar nos rostos das pessoas ao meu redor, mas provavelmente estão guardados em algum lugar desconhecido, pelo menos até o momento.
Talvez os sorrisos estejam guardados junto com a cor da pele, porque até onde eu posso enxergar são rostos pálidos em alguns casos quase albinos, nas ruas, nas roupas, em todo lugar só é possível ver tons de cinza. Isso tudo me causa medo, angustia , até mesmo as árvores parecem chorar a perda de suas flores, o mundo parece estar de luto.
Talvez a felicidade esteja guardada junto com o sol, afinal esse não apareceu hoje, por mais que eu tenha procurado. Mas o mundo não para, e eu tenho que continuar a andar, por mais que me de um certo nojo andar por essas ruas praticamente em preto e branco.
Seguindo o meu caminho, de cabeça baixa para tentar deixar de olhar para tudo aquilo, me deparo com um feixe de luz refletido no chão, paro por um segundo para olhar, tão delicado, tão pequeno, mas chamou minha atenção, naquele momento tudo o que eu queria era saber da onde vinha tão perfeição. Levantei o rosto e virei pro lado direito, e fiquei simplesmente encantada.
Parecia magia, ou encantamento não sei, era difícil acreditar no que meu olhos viam, tanta beleza, espelhos magníficos, cristais que refletiam todas as cores, luzes, era tudo tão tão...
Fechei os olhos , parei de olhar, tudo aquilo parecia como uma ilusão pra mim, mas como pode ? Era apenas uma loja, uma simples loja de lustres, como conseguia me causar tão impressão ?
Continuei andando, sabia que nunca teria dinheiro o suficiente para comprar nada naquela loja, fui andando, andando, e aquilo não saia da minha cabeça, passaram-se os dias e sempre que passava por aquele local, me impressionava com tanta delicadeza, foi ai que percebi o que o maldito dinheiro fazia com as pessoas. Ele torna seus escravos todos os que tentam alcança-lo, tira desses pobres o sorriso e coloca toda a felicidade em um simples cristal, ou melhor em vários cristais que formam lustres, jóias e tantos outros objetos que são capazes de fazer os olhos de qualquer criança brilharem. Brilho esse que dura tão pouco, afinal , qual criança pode ter brilho nos olhos ao sair na rua, e ver aquele exercito de escravos, andando sem rumo, sem cor na pele.

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